Paulo Rocha
UM PORTUGUÊS CHAMADO
“GUARACY”!
Como vocês sabem, nas minhas novelas tem sempre um português. Não só porque adoro o país, mas também porque sou fascinado pelo seu povo, e porque essa é uma das maneiras de agradecer o modo sempre gentil como ele me recebe. Em Marido de Aluguel não fugirei à regra. Teremos um português sim, dono de um bar na Barra da Tijuca, mais precisamente no Jardim Oceânico. Ele nutre uma paixão secreta por Griselda, a protagonista sua conterrânea, que veio pra cá ainda menina e que, se os deuses me ajudarem, será vivida por uma deusa chamada Glória Pires. Esse português de Marido de Aluguel tem uma particularidade: ele se chama… Guaracy! Pois foi este o nome que sua mãe brasileira lhe deu, para revolta do pai luso, quando ele nasceu lá no Alentejo. Como veio parar no Brasil?Morreram-lhe os pais, ele herdou o bar de um tio no Rio de Janeiro… E o resto é novela. Pra viver Guaracy vou precisar de um ator que tenha o que chamamos no jargão televisivo de “pegada”, pois, no meu elenco dos sonhos, ele disputará Glória Pires com ninguém menos que Dalton Vigh… E é aqui que entra o ator português Paulo Rocha, meu entrevistado desta semana: vejam as fotos, leiam suas respostas e depois de me respondam: Ele tem ou não “pegada”? 1- Quando se trata de atores, a gente sabe que a fila anda rápido. Mas você está bem lá na frente. Como fazer pra se manter lá?
R. Tento fazer sempre um bom trabalho e ser o mais profissional possível. Acredito que na profissão de actor, quando temos uma atitude de profissionalismo e dedicação ao trabalho, os convites vão sempre surgindo. Mas também acho que tenho tido sorte e isso também ajuda. Contudo, acho que não há uma receita infalível para estar no topo. Pelo menos eu não conheço nenhuma. Se alguém aqui do seu blog conhecer, por favor diga-me que eu agradeço!
2- Na novela “Perfeito Coração”, da SIC, você faz um personagem bem popular, um português que aqui no Brasil a gente diria “típico”. Não é um tipo comum nas novelas portuguesas. Qual a repercussão?
R. Tem sido óptima! Sobretudo junto do público. Parece-me que quanto mais “típicas” são as personagens mais pontos de identificação com as pessoas e maiores as probabilidades de os espectadores se reverem a si próprios naquela personagem ou de a identificarem com alguém que conhecem e que pode ser o seu vizinho ou um seu amigo. Acho que a chave é humanizar essas personagens de forma a criar pontes de contacto com o público. Esta personagem correu muito bem e diverti-me muito a fazer o “Sr. Vasco”! Foi uma experiência excelente. 3- Começou no teatro, não foi? Fez o quê no palco? E cursos, quais fez?
R. Sim, comecei por fazer o curso da Escola Profissional de Teatro de Cascais onde fui aluno do Carlos Avilez, que é uma figura incontornável do teatro em Portugal já que foi director do Teatro Nacional D. Maria II durante vários anos. Aliás, eu estreei-me no TNDM e estagiei lá durante um ano (no terceiro e último ano da escola profissional). Depois integrei a companhia do Teatro Experimental de Cascais, fiz alguns projectos de teatro independentes e voltei novamente ao TNDM… Foi só depois deste percurso de 5 anos quase só a fazer teatro que comecei a fazer televisão.
4- Já trabalhou fora de Portugal? Se trabalhou, onde? Quais são suas impressões de lá?
R. Ainda não trabalhei fora de Portugal mas gostava de ter essa experiência.
5- Já pensou em trabalhar no Brasil? Tem vontade? Aceitaria um convite pra fazer novela por aqui?
R. Claro que já pensei! Tenho vontade. Acharia muito interessante um convite para trabalhar no Brasil e, caso o receba, darei a minha resposta.
6- Das novelas que fez, qual a que mais gostou?
R. A Vingança, sem dúvida! Foi a mais exigente, a mais extenuante e aquela em que senti realmente que me modifiquei como actor. Cresci. Trabalhar tantas horas seguidas com aquelas emoções em alta rotação ajuda a desenvolver mecanismos que me permitem chegar a estados emocionais intensos com maior rapidez e isso é fundamental quando se trabalha em novela e ajuda-me actualmente a interpretar outras personagens. Acho que o meu trabalho ganhou muito depois de ter interpretado o “Rodrigo”.
7- Quando não está no ar, o que gosta de fazer?
R. Viver. Acredito que os actores representam a vida e quando não estamos a trabalhar temos de viver, pois é com base nessa experiência que depois vamos “dar vida” às personagens que interpretaremos no futuro. Se não vivermos, cristalizamos e ficamos limitados a fazer sempre a mesma coisa. É preciso observar e ter novas experiências para quando voltamos a interpretar personagens trazermos algo novo e termos mais material para trabalhar. Gosto muito de conhecer pessoas novas e de aprender coisas novas agora, por exemplo, tenho estado a aperfeiçoar a minha técnica de andar a cavalo para quando surgir uma personagem poder aplicar isso, também acho que é importante saber vários idiomas, também estou a aprender espanhol… Acho que estou sempre a investigar e a trabalhar porque estou sempre a viver…
8- Tem algum objetivo artístico imediato? E a longo prazo?
R. Gostava de trabalhar fora de Portugal no médio ou curto prazo. A longo prazo não sei, talvez… ganhar um Óscar!
9- Dados biográficos. Onde nasceu, quando, como começou na vida artística…
R. Nasci em Setúbal, que é uma cidade a cerca de 50 km de Lisboa. Aos 14 fui para a Casa do Gaiato, que é uma instituição para crianças desfavorecidas. Nesta casa, todos os anos se fazia um espectáculo para angariar fundos que era apresentado em várias associações e colectividades da zona. Era uma espécie de espectáculo de variedades onde havia teatro, dança, música, etc. E eu gostei da experiência. Quando estava no 9º ano um professor trouxe-me um folheto da Escola Profissional de Teatro de Cascais e foi assim que começou a minha vida artística. Tive uma bolsa que me permitiu estudar lá nos primeiros dois anos e no terceiro comecei a estagiar no Teatro Nacional.
10) Cinema, teatro ou tevê?
R.O teatro é a minha base. Foi onde comecei mas… Respondendo à questão, diria apenas: cinema, teatro e teve. 11- Você acha que ser galã na tevê é uma espécie de maldição? Sente-se limitado por ser considerado como tal?
R. Considero-me um actor e não um galã… Acho que tenho conseguido fazer personagens diferentes umas das outras e não sinto que o meu trajecto esteja marcado pela figura do galã. Quando me convidam para papéis que se encaixam nessa “categoria” tento humanizá-los o mais possível. Apesar de não me ver como galã agrada-me poder interpretar um espectro variado de personagens, entre as quais este.
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